terça-feira, 29 de março de 2011

MAGNÓLIA

O corpo de desenhos que se apresenta é entendido como o lugar de confluência de um olhar sobre uma espécie botânica viva e mutável: a Magnólia. O desenho procura desmontar a ordem. Potenciar as estruturas de metamorfose intrínsecas à sua morfologia.
Nos invernos do Porto, a magnólia branca é a árvore que primeiro dá flor. E é sob o deslumbramento da pulverização e florescência que reside a dinâmica do corpo que procura a luz. A observação do natural questiona. Obsessivamente re inventa, re pensa, regista o pensamento interior.
A série Magnólia é constituida por nove dipticos. A sistematização do tema segundo processos de serialidade confere um caracter normativo com analogias a um arquivo, a um herbário. Procura-se explorar correspondências sígnicas através de dinâmicas de transição, coerência e implicação.
A identificação e a acentuação de certas características da espécie botânica nas suas fases de mutação, é associada a acções gráficas de ordem semântica e processual. A alteração rítmica de um traço denso intensifica um gesto tenso tanto quanto a fluidez aquosa de um instante que se dissipa. Cada gesto procura cruzar a acção gráfica com a improvisação espacial e simbólica que a sustenta. O corpo físico é entendido como médium no manuseio do pincel chinês, da pena gráfica, das aguadas de pigmento e cor.
Cada desenho indexa um processo alla prima. Vive de gestos antecipados, gestos de ar e com movimentos furtivos [...] Desenhar é saberse solo, ou seja, preparado para afrontar o desconhecido e saber multiplicar-se, ou seja mover-se e metamorfosear-se .
A série Magnólia é referência acima de tudo ao que fica por dizer, ao que na suspensão do olhar se completa pelo inefável nos caminhos da percepção sensível. É aí que reside a poética do desenho.

Sobre-Natural - 10 Olhares Sobre a Natureza

MAGNÓLIA

The drawings on display are the place to which the look converges on a living, changeable botanical species: the Magnolia. Drawing seeks the dismantle order and enhance the methamorphosis strctures which are intrinsic to its morphology.
In Porto, in the winter, it is the white magnolia tree that blooms first. It is under the glare of spraying and flowering that lies the dynamics of the body that seeks the light. Observing the natural world makes you wonder:it obsessively re-invents, re-thinks and records your inner thought.
The Magnolia series is comprised of nine dipthycs. The systhematisation of the theme according to a serialisation process provides a normative character with similarities to a file, a herbarium, in order to explore semiotic correspondences through transition, consistency and implication dynamics.
The identification and enhancement of certain characteristics related to plant species in their seed mutation phases is associated with semantic and procedural graphic actions. The rhythmic change in a dense line intensifies a tense gesture, much as the water-like fluidity of a moment as it goes away. Every gesture seeks to match graphic action with the spatial and symbolic improvisation that sustains it. The physical body is seen as a medium in handling Chinese brushes, graphic feathers and watercolour pigments.

MAGNÓLIA

Each drawing indexes an alla prima process. It feeds on early gestures, made of air and with stealth movements [...]. to draw is to know you are alone, ie, ready to face the unknown and learn to multiply, or move and metamorphose.
The Magnolia series is above all a reference to what is unsaid , to what which, by suspending the look, is completed by the ineffable in the paths of sense perception. Therein lies the poetry of drawing.

Rosário Forjaz, 26 February 2011.



Georges Didi-Hubermas, El bailador de soledades, Pre-Textos, Valencia, 2008, p.43

domingo, 20 de março de 2011

Sobre-Natural - 10 Olhares Sobre a Natueza

A Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea apresenta, de 26 de Março a 4 de Setembro a exposição Sobre-Natural – 10 olhares Sobre a Natureza mostra central do programa de comemorações do 10º aniversário do Jardim Botânico O Chão das Artes.

A exposição constitui-se como uma continuação da investigação desenvolvida para a exposição Natura Artis Magistra – A Natureza Mestra das Artes (realizada em 2001 no âmbito da inauguração do Jardim Botânico). Nesta exposição colectiva estão representados cinco artistas plásticos (Pedro Saraiva, Ruth Rosengarten, Rosário Forjaz, Domingos Loureiro e Pedro Vaz) e cinco ilustradores científicos (Pedro Salgado, Filipe Franco, Sara Simões, Nádia Torres, Marcos Oliveira) com um conjunto de trabalhos que reflecte um olhar contemporâneo sobre a Natureza. Do registo de paisagem ao registo do pormenor, a Casa da Cerca promove a reunião destas duas vertentes do desenho, o desenho de Natureza de expressão artística e a ilustração ao serviço da Ciência.

Inauguração: sábado, 26 de Março, 17h. Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea. Rua da Cerca, 2800-050 Almada