sábado, 3 de outubro de 2009

acrescento um ponto a estas certeiras palavras de um grande músico português

E o País Parou. Há vinte, seiscentos, mil anos atrás. E patrioticamente
nunca recuperou desse atraso congénito embora na sua ingénua gritante
modernidade procure ocultar esse estigma.
A arte, como todas as doenças infecto-ambiciosas é sobretudo a crítica
essadegenerência mental humana, tem tentado impor comportamentos estanques,
básicos, modas: neste sécullum dita-se o modus operandi aos artistas,
concebem-se capelas, exibem-se tiques e fachadas; a tal portugalidade
estáasfixiada por pintores que não querem, não sabem, não podem desenhar,
cativa de conceitos abstraccionistas pacóvios, de estrangeirismos
performáticos envergonhados, enfim, pudores nacionais escondidos por
enigmáticos projectos em línguas globalizantes.
Concepts…Carlos Carreiro
expõe-nas: a tal fachada retro-quinhentista, o novo-riquismo ilhéu
tropicalista, a inutilidade do jeep urbano ou os arrogantes submarinos
deum Vasco da Gama que nem sabia nadar.
YO. Com um onírico lúbrico pesadelo
doméstico, em que a salazarenta Casa Portuguesa confunde o cinzento
imperialismo minimalista arquitectónico, onde o pavão no museu é mais
importante que a árvore, a avenida marginal mais importante que a maré,
éeste o ideal foguetão de madeira português, Grão-mestre Nuno Gonçalves
dafogueira das nossas vaidades.
E a cor, as cores que desde o psicadelismo no
pintor se têm vindo a apurar?Estádio de sítio rendido ao poder,
anamorfosede Amadeo distorcida pelo “marchand”, fazendo das tripas coração em
verdadevos digo que não há Arte mais sincera que a que nos permite interpretar
saboreando os extra-mundos que nos tocam tão de perto, quiçá tão longe.

Rui Reininho